A época dos incêndios - 3ª parte
Existe a época balnear, de Junho a Setembro, a época de caça, a época das vindimas, a época dos morangos, a época das castanhas, e em Portugal temos também a originalidade da época dos incêndios. Que não sei quais são as datas para que está definida, mas que pode ser, grosso modo, sempre que a temperatura em qualquer ponto do país ultrapassar os 25º C. Como começa na Primavera e já estamos no Outono, esta deve ser a 3ª parte da época. Com temperaturas de Agosto em pleno mês de Outubro, passámos a semana a ouvir a ladainha que atravessou todo o verão: 10 incêndios por controlar, casas em perigo, populações ameaçadas... Tudo como dantes, quartel-general em Abrantes.
Enquanto compramos submarinos não se sabe para quê e usamos aviões alugados para “apagar” fogos, o país não urbanizado vai desaparecendo. Esta semana foram 80% da mancha florestal do concelho de Carregal do Sal. Enquanto isso os governantes prometem soluções que nunca mais chegam.
O jornalista da SIC, José Gomes Ferreira, escreveu em Agosto um artigo intitulado “A indústria dos incêndios”, que andou a circular pela Net, onde fez o diagnóstico de muitas das causas do estado calamitoso a que se chegou e que faz Portugal ter 57% dos incêndios florestais de toda a Europa mediterrânica. Uma coisa já ficámos a saber: já há áreas ardidas a ser urbanizadas antes do prazo legalmente estipulado para tal. E se começassem a investigar os interesses desses construtores? Talvez chegassem a conclusões interessantes, como por exemplo descobrir porque é que há incêndios que deflagram depois da passagem de certos aviões por cima desses locais...
Mas o que mais me espanta é um aspecto que ainda ninguém focou: então não é que os aparelhos alugados para combater os incêndios são pagos... à hora??? Em Agosto chegou-se ao absurdo de uma determinada companhia ter esgotado o número de horas estipulado no contrato. Os tipos que fizeram o contrato são espertos: marca-se um determinado número de horas (previsto com base em quê?) e a partir daí já não há mais voos para ninguém?
Será que esta gente não percebe a perversão da situação? Então se os homens são pagos à hora, quanto mais incêndios houver, quanto maiores eles forem, quanto mais tempo demorarem a combater, mais eles recebem! Não há uma cabeça que tenha pensado nisto? Ninguém se lembrou de fazer um contrato por época, em que pagavam para eles combaterem os incêndios, qualquer que fosse o seu número? Isso até seria um incentivo para que as companhias fizessem, elas próprias, alguma vigilância, pois quanto menos incêndios houvesse menos trabalho tinham. Assim, não custa muito acreditar que as próprias empresas têm todo o interesse em que haja o maior número de incêndios possível.
Tantas cabeças pensantes e nenhuma se lembrou disto? Não haverá nenhuma relação entre este facto e os recordes sucessivos de área ardida que vão sendo batidos todos os anos?
Kroniketas, sempre kontra as tretas
Enquanto compramos submarinos não se sabe para quê e usamos aviões alugados para “apagar” fogos, o país não urbanizado vai desaparecendo. Esta semana foram 80% da mancha florestal do concelho de Carregal do Sal. Enquanto isso os governantes prometem soluções que nunca mais chegam.
O jornalista da SIC, José Gomes Ferreira, escreveu em Agosto um artigo intitulado “A indústria dos incêndios”, que andou a circular pela Net, onde fez o diagnóstico de muitas das causas do estado calamitoso a que se chegou e que faz Portugal ter 57% dos incêndios florestais de toda a Europa mediterrânica. Uma coisa já ficámos a saber: já há áreas ardidas a ser urbanizadas antes do prazo legalmente estipulado para tal. E se começassem a investigar os interesses desses construtores? Talvez chegassem a conclusões interessantes, como por exemplo descobrir porque é que há incêndios que deflagram depois da passagem de certos aviões por cima desses locais...
Mas o que mais me espanta é um aspecto que ainda ninguém focou: então não é que os aparelhos alugados para combater os incêndios são pagos... à hora??? Em Agosto chegou-se ao absurdo de uma determinada companhia ter esgotado o número de horas estipulado no contrato. Os tipos que fizeram o contrato são espertos: marca-se um determinado número de horas (previsto com base em quê?) e a partir daí já não há mais voos para ninguém?
Será que esta gente não percebe a perversão da situação? Então se os homens são pagos à hora, quanto mais incêndios houver, quanto maiores eles forem, quanto mais tempo demorarem a combater, mais eles recebem! Não há uma cabeça que tenha pensado nisto? Ninguém se lembrou de fazer um contrato por época, em que pagavam para eles combaterem os incêndios, qualquer que fosse o seu número? Isso até seria um incentivo para que as companhias fizessem, elas próprias, alguma vigilância, pois quanto menos incêndios houvesse menos trabalho tinham. Assim, não custa muito acreditar que as próprias empresas têm todo o interesse em que haja o maior número de incêndios possível.
Tantas cabeças pensantes e nenhuma se lembrou disto? Não haverá nenhuma relação entre este facto e os recordes sucessivos de área ardida que vão sendo batidos todos os anos?
Kroniketas, sempre kontra as tretas
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