A paciência democrática

Sui generis a declaração de José Sócrates a explicar que o PS vai esperar um ano para propor um novo referendo para a despenalização do aborto, com uma justificação original: devemos ter “paciência democrática”.
Eu acho é que eles têm “cobardia democrática” por não quererem resolver o problema no parlamento. Todo este processo foi uma monumental trapalhada porque:
1 - O PS, em vez de esperar pela melhor altura para propor o referendo (que seria precisamente agora), quis entalá-lo à força no calendário, antes das férias de verão, o que levou o Presidente da República a considerar, e com alguma razão, que não havia tempo nem condições para debater o assunto serena e seriamente. Tivesse sido realizado nessa altura e se calhar voltaríamos a ter os 30% de votantes que houve há 7 anos;
2 - Aquando da realização do anterior referendo, António Guterres e seus pares entregaram-se nas mãos do PSD, a bem dos cozinhados e trocas de favores entre os partidos do bloco central. Quando podia ter mudado a lei logo naquela altura, o PS não quis assumir a responsabilidade de tomar a decisão a seu cargo (se calhar com medo da igreja católica) e conduziu o processo ao desastre.
Agora está na mesma. Mais uma vez parece que quer mas tem medo de enfrentar a situação de frente, por isso refugia-se no referendo e entretanto vai somando revezes que, no fim de contas, só contribuem para uma coisa: a manutenção desta ignomínia que é pôr as mulheres em tribunal depois de passarem pela provação de abortar...

Kroniketas, sempre kontra as tretas

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