O direito ao contraditório

O Polis&Etc voltou à liça acerca da questão dos caprinos e ovinos, que nos últimos dias tem provocado uma troca de galhardetes entre estes dois blogs, com comentários sucessivos num e noutro.
Ao contrário do que o meu amigo Politiko afirma, o facto de nós benfiquistas termos uma roda de bicicleta no emblema do nosso clube não significa que queiramos ficar sempre com o velocípede. Aliás, já tive oportunidade de, altruisticamente, oferecer desde logo a roda, o quadro e a campainha ao Pólis&etc, para que fique a constar do seu espólio. Simplesmente, quando não estou convencido dos argumentos contrários não abdico dos meus, porque não gosto de passar por parvo, de cair no ridículo nem dar razão a quem não a tem. Não quero ter razão contra as evidências, mas exijo que me mostrem as evidências. Muitas vezes já abdiquei da oportunidade de ganhar apostas quando o meu interlocutor disse “aposto contigo o que tu quiseres”, sabendo eu que ele estava completamente errado. Uma vez até me dei ao trabalho de andar de fita métrica na mão a medir duas salas, para ficar com a certeza de que, ao contrário do que o outro queria apostar, uma não tinha o dobro da área da outra. Quando eu sei que tenho razão, não abro mão dela de forma nenhuma e dá-me, até, um certo gozo ver o engasgo de quem antes teimava no erro, quando este lhe é colocado à frente do nariz.
O que me levou a afirmar “fim de conversa” num dos últimos comentários foi o facto de não estarmos a ter uma conversa, mas uma desconversa, porque o Politiko não retorquiu ao que eu afirmei quando disse ter obtido a informação de que o animal da foto era, efectivamente, um borrego. O Politiko, em vez de ter feito o que fez agora, com um post com princípio, meio e fim e com argumentos fundamentados, enveredou pelo caminho do absurdo, rebatendo o que eu disse duma forma que não cheguei a perceber se pretendia ser irónica, brincar com as palavras, confundir-me ou pôr a ridículo o que eu escrevi, trazendo para a discussão questões completamente descabidas e que nada tinham a ver com o que estava em causa, com comparações despropositadas e insinuações pouco simpáticas em relação às minhas fontes. Dispenso-me de citá-las porque estão nos comentários dos últimos artigos.
No meio de tudo isto, nunca vislumbrei da parte do Pólis&etc a tentativa de demonstrar como e porquê as Krónikas Tugas estavam erradas ao dizerem, após um período de dúvida razoável, que aquela imagem representa um borrego: limitou-se a repetir (e fê-lo mais de uma vez) que nós tínhamos feito o milagre de transformar um cabrito num borrego. Como muito bem refere, a questão suscitou-nos dúvidas. Quer que eu o reconheça? Pronto, está reconhecido (já está, também já tem os pedais do velocípede...). Se há coisa que não tenho é a mania de que sou omnisciente (nem ninguém o faz neste blog). Quando não estou seguro das minhas afirmações tento confirmá-las ou corrigi-las, e quando meto água acho que não me fica mal assumi-lo. Como disse num comentário a um artigo no Polis&Etc, grave não é errar mas persistir no erro, e assumo este princípio como válido para mim próprio (a este propósito, aproveito para lhe oferecer o guiador da bicicleta porque meti água com o “lamb”, e só me apercebi disso tarde demais: de facto “lamb” é para o cordeiro, e a minha confusão veio de associar “sheep” ao carneiro; sim, porque as Krónikas também viram o “Silence of the lambs”, também usam o IMDB como fonte de informação e têm o “The lamb lies down on Broadway”). Daí a minha preocupação – por acaso o blogoberto, autor do post “Borregada”, não está nem para aí virado, deixando para mim as despesas da polémica – em assegurar-me que tipo de animal era aquele, o que motivou sempre a mesma reacção: o ripostar pelo absurdo.
A última resposta mereceu da minha parte um pouco simpático “fim de conversa” porque achei-a tão absurda e sem sentido que cheguei ao limite da paciência para continuar este tipo de desconversa. Quando não encontramos do outro lado argumentos para rebater, não vale a pena continuar. Devo dizer que esperava outro tipo de argumentação da parte do Pólis&etc., porque neste registo eu recuso-me a participar.
Para esclarecer a questão duma vez por todas, ainda fui repescar a fotografia do animal e colocar no post a informação que pude recolher das minhas “fontes” (cujos conhecimentos o Politiko tanto questionou). Não sei se foi este último post ou o “fim de conversa” que motivaram a reacção que eu esperava que tivesse tido 3 dias antes, mas parece que finalmente caiu em si e também foi investigar. Saúdo o facto de ter admitido que a lã que tem nas camisolas é de ovelha (ou borrego, ou cordeiro). Aceito que neste caso até pode haver lugar à “dúvida razoável” mas não aceito que, sem demonstrar o contrário, afirme repetidamente que o erro é nosso. Não se trata, da nossa parte, duma questão de teimosia, mas de rigor: todos os dados apontam para que nós tenhamos razão. Sendo assim, ou deixávamos passar a questão em claro e ficava a pairar a sensação de que somos uns ignorantes, que nem sabemos o que estamos a pôr no blog; ou optávamos pela solução mais trabalhosa, que era demonstrar pelos meios possíveis que a foto correspondia àquilo que pretendia ilustrar. Porque, ao contrário do anunciado-possível-futuro-presidente-da-república, também nós temos dúvidas e nos enganamos, mas gostamos de fazer jus ao nosso lema: “blog de bem saber e mal dizer”.
Dito isto, pela minha parte encerro as “hostilidades” acerca do gado ovino e caprino, fazendo votos para que da próxima vez que falarmos num destes animais seja mais no ambiente ilustrado na 2ª foto do postCaprinos no forno”.

Kroniketas, sempre kontra as tretas e a favor dos caprinos e ovinos no forno

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