Ladrando ao Sol (20) – A Piada do Ano

A silly season este ano atacou mais cedo e em força. Depois das alucinações colectivas que transformaram, para muita gente da coligação, uma derrota expressiva nas eleições europeias num incentivo – presumo que devemos encarar um despedimento, quando nos atingir, como um sinal para melhorarmos o nosso desempenho –, tivemos a grata surpresa de ver Durão Barroso em viagem para Bruxelas e o susto de ver Santana Lopes proposto para Primeiro-ministro.
Escalpelizemos os factos: é notório que ter um português como presidente da comissão europeia só honra o nosso país. Que esse português seja o Durão Barroso é outra das vantagens. Portanto, por este lado não há problema nenhum, só benefícios. E até constitui uma saída airosa para um derrotado recente e em declínio de popularidade (para não lhe chamar outra coisa).
Analisemos agora o lado lunar da coisa, parafraseando o Rui Veloso: Santana Lopes como chefe do governo. Já imaginaram a grande obra deste senhor como primeiro-ministro? O túnel do Marquês prolongado até Santa Apolónia, com cruzamentos semaforizados em várias estações do Metro, talvez? Ou uma auto-estrada sem portagens entre a Kapital e o Clube-T no Algarve!
Nada nos move contra Santana Lopes ou outro político como pessoas, estamos a falar da sua actuação política (bem, talvez possamos excluir o Paulo Portas desta nossa posição, está bem?). Além das permanentes mudanças de rumo e posição, o que é que Santana Lopes já deu ao país? Com excepção dos concertos para violino de Chopin e de um túnel que é um grande buraco sem utilidade, que grande ideia ou benefício para a nação saiu daquela cabecinha? Santana como primeiro? O país ensandeceu!
Se com Durão tínhamos apenas um governo no rumo errado, com Santana+Portas vamos ter um governo cata-vento, a governar de acordo com as audiências e os shares. Vamos ser um imenso e interminável talk-show!

tuguinho, cínico encartado (e com tudo isto alucinado)

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