A mania do silicone
Ainda a propósito da importação de hábitos americanos, outra coisa que me faz uma tremenda confusão, e que talvez alguma leitora me possa explicar. Por que diabo é que agora as mulheres têm a mania de pôr silicone nas mamas?
Ainda não há muito tempo assistia a um programa na TVI chamado ABSexo, a que já me referi noutra ocasião, e a convidada era a actriz Patrícia Tavares. Lembro de vê-la aparecer há uns 10 anos na novela Roseira Brava, uma adolescente muito bem constituída que fazia a cobiça do malandro interpretado por Virgílio Castelo, que a trazia do Alentejo para a prostituição lisboeta.
No meio da conversa, a apresentadora, a sexóloga Marta Crawford, que conduz o programa de forma bastante didáctica e descomplexada, pergunta à Patrícia Tavares: “Então e agora as maminhas…”. Fiquei à espera do que se seguiria. “Puseste silicone, não foi?”. Eu ia caindo da cadeira, porque nunca imaginei que aquele corpo pudesse precisar de silicone onde quer que fosse. Depois veio a explicação: a boa da Patrícia achou que como o traço que à vista mais diferencia os homens das mulheres é o peito precisava de marcar mais a diferença, talvez com medo de ser confundida com um homem!!! Vai daí, aumentou-lhes o tamanho.
Como a surpresa ainda não tinha sido total, ela depois acrescentou que as pessoas que a conhecem agora acham que aquelas mamas sempre fizeram parte dela e já não a imaginam doutra maneira. Por acaso, olhando para ela agora é que parece que aquelas não fazem parte daquele corpo, porque há ali qualquer coisa de excessivo!
O que me surpreende mais nisto tudo é as próprias pessoas ficarem tão contentes com uma mudança no seu corpo que é conseguida com algo artificial, que não lhes pertence, e que continua a não fazer parte desse corpo. Que se retire a gordura em excesso donde ela não faz falta, que se façam correcções em zonas esteticamente menos agradáveis, acho muito bem. Que se corrija até uma flacidez excessiva após a amamentação, porque não? Mas aumentar as mamas só porque se acha que têm que ser maiores, não sei à luz de que critério, parece-me completamente disparatado. Na maior parte dos casos nem sequer melhora, porque os corpos quase sempre têm as proporções adequadas à sua própria estrutura. A não ser em casos aberrantes, acho que estas intervenções não se justificam.
Isto entronca no que referi no post anterior: a mania de importar modas. Não sei porquê, parece estar instalada agora a convicção de que os homens gostam de mamas grandes. Só que o que se vê por aí, nomeadamente na Internet, são autênticas aberrações, coisas completamente disformes, que além dum tamanho descomunal em que não vejo, de todo, uma ponta de erotismo, desde logo apresentam um aspecto completamente artificial, porque a forma normal não é aquela, completamente redonda e igual em cima e em baixo, como se fosse uma bola de futebol. Isto é estética? Definitivamente não. E o erotismo não tem que passar pelo gigantismo dos órgãos, pois não? Se todos os homens fossem da minha opinião, de certeza que as clínicas que fazem estas “obras de arte” fechavam para férias permanentes.
De vez em quando recebo umas fotos via e-mail de corpos nus, com grandes elogios da parte do remetente. A primeira coisa em que reparo é nas mamas de silicone. Fico a pensar que graça é que os meus correspondentes acham àquilo…
Realmente, só me apetece perguntar aos homens: acham assim tão interessante olhar para as mamas da Pamela Anderson? Pessoalmente, achava muito mais interessantes as da Patrícia Tavares. Antes do silicone…
Olhem bem para as fotografias (façam clique para ampliar a imagem): acham “aquilo” normal?
Kroniketas, sempre kontra as tretas
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