Outra vez o referendo
Estando a ouvir o “Prós e contras” sobre a questão do referendo ao aborto, dei por mim a pensar que grande parte dos mais assanhados defensores do “não”, para além de fanáticos na sua maioria, não são só hipócritas: depois de ouvir os habituais argumentos terroristas cheguei à conclusão que alguns vivem num mundo virtual, que só existe nas suas cabeças.
A argumentação é sempre a mesma: o direito à vida, o direito à vida, o direito à vida. E dali não saem porque preferem ignorar a realidade.
E a realidade, a infeliz realidade, é a existência do aborto clandestino em condições precárias, muitas vezes com consequências graves para a mãe. Os ferozes opositores da despenalização acenam sempre com a bandeira do acompanhamento às grávidas. Mas a pergunta é: onde está ele? Onde esteve o acompanhamento à jovem de 14 anos que morreu num hospital, vítima de complicações pós-aborto clandestino? Onde esteve o acompanhamento à mãe de Torres Novas que entregou a filha a um casal, porque não podia ficar com ela e o pai não a conhecia?
Uma médica (Maria José Alves) presente no debate resumiu tudo numa frase: muitos daqueles que se opõem à despenalização também se opõem à contracepção, ao planeamento familiar e à educação sexual nas escolas. E é esta gente que quer dar lições de moral aos outros, é esta gente que vem falar de apoio e acompanhamento. É esta mesma gente que, ao contrário do que apregoa, não quer dar à mulher o direito de escolha. O que é que os impede de dar apoio e acompanhamento às grávidas se o aborto não for crime? E o que é que leva as próprias mulheres a querer que outras mulheres sejam julgadas e presas? E o que é que leva as próprias mulheres a achar que as outras mulheres não são capazes de decidir por si próprias, em consciência, impedindo-as de escolher através de uma lei que as considera criminosas? Elas próprias deviam sentir-se desconsideradas e humilhadas com a imagem que estão a transmitir de si.
Finalmente, apareceu agora o argumento economicista, da parte de excelsas figuras como a mui católica Maria José Nogueira Pinto e essa eminência parda chamada António Borges, de quem não se conhece qualquer acto de relevo que mereça tempo de antena: o dinheiro que se vai gastar nas clínicas, pago com os nossos impostos. Clara Ferreira Alves, no “Eixo do mal” de 7/1/2007 (Sic Notícias), classificou bem este argumento: “antes achava-os fascinantemente hipócritas; agora acho-os terrivelmente desprezíveis”.
Excepcional foi a prestação de Vital Moreira no debate: um homem com um discurso brilhante e praticamente irrefutável. Dá gosto ouvir alguém falar assim.
Tenho pena é de ter visto o treinador do meu clube no debate a fazer aquela figura... Para ele, nem a lei actual serve, só em caso de risco de vida para a mãe. Esta gente não existe!
Kroniketas, sempre kontra as tretas
A argumentação é sempre a mesma: o direito à vida, o direito à vida, o direito à vida. E dali não saem porque preferem ignorar a realidade.
E a realidade, a infeliz realidade, é a existência do aborto clandestino em condições precárias, muitas vezes com consequências graves para a mãe. Os ferozes opositores da despenalização acenam sempre com a bandeira do acompanhamento às grávidas. Mas a pergunta é: onde está ele? Onde esteve o acompanhamento à jovem de 14 anos que morreu num hospital, vítima de complicações pós-aborto clandestino? Onde esteve o acompanhamento à mãe de Torres Novas que entregou a filha a um casal, porque não podia ficar com ela e o pai não a conhecia?
Uma médica (Maria José Alves) presente no debate resumiu tudo numa frase: muitos daqueles que se opõem à despenalização também se opõem à contracepção, ao planeamento familiar e à educação sexual nas escolas. E é esta gente que quer dar lições de moral aos outros, é esta gente que vem falar de apoio e acompanhamento. É esta mesma gente que, ao contrário do que apregoa, não quer dar à mulher o direito de escolha. O que é que os impede de dar apoio e acompanhamento às grávidas se o aborto não for crime? E o que é que leva as próprias mulheres a querer que outras mulheres sejam julgadas e presas? E o que é que leva as próprias mulheres a achar que as outras mulheres não são capazes de decidir por si próprias, em consciência, impedindo-as de escolher através de uma lei que as considera criminosas? Elas próprias deviam sentir-se desconsideradas e humilhadas com a imagem que estão a transmitir de si.
Finalmente, apareceu agora o argumento economicista, da parte de excelsas figuras como a mui católica Maria José Nogueira Pinto e essa eminência parda chamada António Borges, de quem não se conhece qualquer acto de relevo que mereça tempo de antena: o dinheiro que se vai gastar nas clínicas, pago com os nossos impostos. Clara Ferreira Alves, no “Eixo do mal” de 7/1/2007 (Sic Notícias), classificou bem este argumento: “antes achava-os fascinantemente hipócritas; agora acho-os terrivelmente desprezíveis”.
Excepcional foi a prestação de Vital Moreira no debate: um homem com um discurso brilhante e praticamente irrefutável. Dá gosto ouvir alguém falar assim.
Tenho pena é de ter visto o treinador do meu clube no debate a fazer aquela figura... Para ele, nem a lei actual serve, só em caso de risco de vida para a mãe. Esta gente não existe!
Kroniketas, sempre kontra as tretas
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