BatOTA



Sob esta sugestiva manchete, o semanário “O Independente” apresenta esta 6ª feira uma revelação deveras interessante acerca dos estudos sobre o aeroporto da Ota, estudos esses que o governo não divulgou porque são arrasadores para as suas pretensões.
Segundo a consultora Roland Berger & Partners, a que o governo pagou 400.000 euros, mudar o aeroporto para a Ota e encerrar o da Portela “terá consequências desastrosas para o turismo de Lisboa”.
“No documento, entregue em 2000 e cujas conclusões o governo nunca divulgou, a empresa estima uma perda de 16% do total de turistas na região de Lisboa. E um prejuízo directo superior a 96 milhões de euros por ano só no sector hoteleiro. O efeito negativo multiplica-se nos sectores das viagens aéreas, restauração, comércio em geral e, entre outros, agências de viagens”.
Ainda segundo o mesmo estudo, “as estimativas apontam para uma perda de 50% dos turistas estrangeiros do segmento de ‘estadas curtas’, conhecidas por ‘short-breaks’ e ‘city-breaks’.” Segundo a Roland Berger & Partners, “metade desses turistas deixariam de visitar Lisboa.” Esse mercado, que representa cerca de 60% na economia do turismo lisboeta, sofrerá graves perdas devido à “perda de proximidade do aeroporto em relação à cidade”.
Segundo um relatório de 2004 da Direcção-Geral do Turismo, “Lisboa constitui hoje um dos principais destinos para o ‘turismo de negócios’, que representa cerca de 20% do total de dormidas em estabelecimentos hoteleiros, aldeamentos e apartamentos turísticos. É a cidade dos congressos. Além disso, a Região de Turismo de Lisboa ultrapassou no ano passado a Região de Turismo do Algarve quando contabilizado o seu peso sectorial no produto interno bruto”, e recebe o maior número de navios de cruzeiro.
O estudo revelado pelo Independente refere ainda o efeito de “dupla periferia” provocado pela mudança do aeroporto da Portela para a Ota: este resulta da “distância que separa Lisboa do ‘centro de marcado’ definido pelo cruzamento dos eixos de Barcelona, Madrid, Paris, Londres, Amesterdão, Roma, Milão, Munique e Berlim”, cujo ponto central está a 2h32 de voo; e da distância do novo aeroporto à cidade, que será de 53 quilómetros. Apenas uma capital europeia, Dublin, tem um aeroporto mais longe (56 quilómetros). Acresce ainda que a Ota fica fora da área metropolitana de Lisboa, o que tornará a capital um caso único na Europa ao não ter um aeroporto na sua área metropolitana.

Perante estes dados arrasadores, impõe-se a pergunta: a quem interessa, afinal, a construção do aeroporto na Ota, contra tudo e contra todos?

Kroniketas, sempre kontra as tretas

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