Outra vez o referendo
Estando a ouvir o “Prós e contras” sobre a questão do referendo ao aborto, dei por mim a pensar que grande parte dos mais assanhados defensores do “não”, para além de fanáticos na sua maioria, não são só hipócritas: depois de ouvir os habituais argumentos terroristas cheguei à conclusão que alguns vivem num mundo virtual, que só existe nas suas cabeças. A argumentação é sempre a mesma: o direito à vida, o direito à vida, o direito à vida. E dali não saem porque preferem ignorar a realidade. E a realidade, a infeliz realidade, é a existência do aborto clandestino em condições precárias, muitas vezes com consequências graves para a mãe. Os ferozes opositores da despenalização acenam sempre com a bandeira do acompanhamento às grávidas. Mas a pergunta é: onde está ele? Onde esteve o acompanhamento à jovem de 14 anos que morreu num hospital, vítima de complicações pós-aborto clandestino? Onde esteve o acompanhamento à mãe de Torres Novas que entregou a filha a um casal, porque não podia fic