Golos a dobrar
Depois do intenso jogo Benfica-Barcelona (quando cheguei a casa ainda estava cansado depois daquela segunda parte sempre em alta voltagem), ouvidas várias análises na rádio e na televisão, esta 4ª feira dei uma espreitadela no jornal “O Jogo”. Na página 3 é feita a apreciação geral ao resultado do jogo e às perspectivas para a segunda mão, e no último parágrafo surge uma preciosidade que já há algum tempo não encontrava, mas que continua a ser dita com a maior desfaçatez nos órgãos de comunicação social:
“O Barça terá de atacar para seguir em frente, mas não poderá sofrer golos que valerão, em caso de empate, por dois”.
Há mais de 30 anos que ando a ouvir este disparate. Sempre me tenho perguntado onde é que estes jornalistas inventaram esta. Golos a valer a dobrar? A que propósito? Só se quem os vê estiver bêbado!
Não há golos a valer a dobrar, o que há é um factor de desempate introduzido pela UEFA nos anos 70 para evitar a necessidade de realizar jogos suplementares em situações de igualdade no fim dos dois jogos das eliminatórias. Actualmente esse sistema vigora em todas as competições mundiais, e foi uma forma de premiar as equipas que, jogando fora, marcassem mais golos do que aqueles que sofriam em casa, de modo a dissuadir as equipas visitantes de jogar apenas à defesa.
Assim, quando houver igualdade em golos após dois jogos, quem marcar mais golos no terreno do adversário ganha. Tão simples como isto. 0-0 e 1-1, 1-1 e 2-2, 1-0 e 1-2, 1-2 e 3-2, 2-0 e 1-3, são tudo exemplos de situações de igualdade em que o maior número de golos marcados fora dá a vitória a uma das equipas. Daqui a dizer-se que os golos fora valem a dobrar vai uma distância enorme. É uma rematada estupidez, porque se assim fosse quem perdesse por 3-2 acabaria por ganhar por 4-3, e isso não existe. No caso concreto do Benfica-Barcelona, se houvesse golos a dobrar até poderíamos perder em Barcelona por 2-1, porque o “golo a dobrar” fazia 2-2, ou se empatarmos 1-1 ganhamos por 2-1. A estupidez desta expressão é tal que há alguns anos o Boavista perdeu por 2-1 fora e até havia quem pensasse que, por causa do famigerado “golo a dobrar” marcado fora de casa, bastava ao Boavista empatar o 2º jogo para seguir em frente. Santa estupidez!
Portanto vamos ver se nos entendemos: não há golos a dobrar, o que há é marcar mais golos fora de casa do que o adversário na nossa casa. E ponto final. Daí resulta a vantagem que o Benfica pode tirar deste 0-0. Como não sofremos golos em casa, qualquer golo marcado fora dá-nos logo vantagem porque obriga o Barcelona a marcar mais um. Ou seja, o Benfica pode empatar para seguir em frente (1-1, 2-2), enquanto o Barcelona, como não marcou nenhum golo fora, tem mesmo que ganhar. Já o mesmo se tinha verificado com o Liverpool e foi um aspecto fundamental para o sucesso do Benfica. Assim se justifica a preocupação de Koeman em não sofrer golos em casa.
É pena que alguns jornalistas sejam tão pouco rigorosos no que dizem e escrevem, muitas vezes desinformando em vez de informar.
Kroniketas, sempre kontra as tretas
“O Barça terá de atacar para seguir em frente, mas não poderá sofrer golos que valerão, em caso de empate, por dois”.
Há mais de 30 anos que ando a ouvir este disparate. Sempre me tenho perguntado onde é que estes jornalistas inventaram esta. Golos a valer a dobrar? A que propósito? Só se quem os vê estiver bêbado!
Não há golos a valer a dobrar, o que há é um factor de desempate introduzido pela UEFA nos anos 70 para evitar a necessidade de realizar jogos suplementares em situações de igualdade no fim dos dois jogos das eliminatórias. Actualmente esse sistema vigora em todas as competições mundiais, e foi uma forma de premiar as equipas que, jogando fora, marcassem mais golos do que aqueles que sofriam em casa, de modo a dissuadir as equipas visitantes de jogar apenas à defesa.
Assim, quando houver igualdade em golos após dois jogos, quem marcar mais golos no terreno do adversário ganha. Tão simples como isto. 0-0 e 1-1, 1-1 e 2-2, 1-0 e 1-2, 1-2 e 3-2, 2-0 e 1-3, são tudo exemplos de situações de igualdade em que o maior número de golos marcados fora dá a vitória a uma das equipas. Daqui a dizer-se que os golos fora valem a dobrar vai uma distância enorme. É uma rematada estupidez, porque se assim fosse quem perdesse por 3-2 acabaria por ganhar por 4-3, e isso não existe. No caso concreto do Benfica-Barcelona, se houvesse golos a dobrar até poderíamos perder em Barcelona por 2-1, porque o “golo a dobrar” fazia 2-2, ou se empatarmos 1-1 ganhamos por 2-1. A estupidez desta expressão é tal que há alguns anos o Boavista perdeu por 2-1 fora e até havia quem pensasse que, por causa do famigerado “golo a dobrar” marcado fora de casa, bastava ao Boavista empatar o 2º jogo para seguir em frente. Santa estupidez!
Portanto vamos ver se nos entendemos: não há golos a dobrar, o que há é marcar mais golos fora de casa do que o adversário na nossa casa. E ponto final. Daí resulta a vantagem que o Benfica pode tirar deste 0-0. Como não sofremos golos em casa, qualquer golo marcado fora dá-nos logo vantagem porque obriga o Barcelona a marcar mais um. Ou seja, o Benfica pode empatar para seguir em frente (1-1, 2-2), enquanto o Barcelona, como não marcou nenhum golo fora, tem mesmo que ganhar. Já o mesmo se tinha verificado com o Liverpool e foi um aspecto fundamental para o sucesso do Benfica. Assim se justifica a preocupação de Koeman em não sofrer golos em casa.
É pena que alguns jornalistas sejam tão pouco rigorosos no que dizem e escrevem, muitas vezes desinformando em vez de informar.
Kroniketas, sempre kontra as tretas
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