Educação ou depravação?
Esta eu soube por acaso. Na noite de 24 de Dezembro a SIC passou o filme “Shrek”, apresentando nos intervalos (ao que parece mais de 20 vezes) anúncios a pedir o envio de SMS para receber imagens eróticas no telemóvel, anúncios esses que só podem passar entre a meia-noite e as 6 da manhã.
A coisa gerou um coro protestos dos pais junto da própria estação e também duma tal Confederação das Associações de Pais, que exigiu desculpas públicas de Pinto Balsemão.
A explicação da SIC foi simples: o filme estava previsto para a meia-noite, foi antecipado e, “por lapso”, os blocos publicitários inseridos nos intervalos não foram deslocados para a hora inicialmente prevista.
Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Primeiro: não se programa um filme infantil para depois da meia-noite. Segundo: sendo um filme para crianças, não se põem anúncios eróticos no meio do filme, seja qual fora a hora da exibição. Este caso é mais um exemplo do vale-tudo a que a estação de Carnaxide se entregou nos últimos anos. Quanto à explicação do “lapso”, é apenas uma demonstração de que há uma cambada de imbecis a gerir aquela programação.
Engraçado é ler alguns comentários online, em que se acusa de hipocrisia quem se insurgiu contra estes anúncios, alegando que os telejornais passam imagens de violência todos os dias, ou que o que passou na TV não é diferente do que se vê nas praias portuguesas ou de ver os pais nus em casa, ou que se mais gente visse imagens destas haveria menos depravados.
Vamos lá ver se nos entendemos: a nudez é uma coisa natural que não faz mal nenhum as crianças encararem, seja em casa ou na praia, mas coisa bem diferente é a pornografia. Misturar sexo e erotismo com deboche é confundir tudo. Não é com anúncios a puxar para o porno ou promoção da homossexualidade que se educa as crianças. Estas posições mostram bem a confusão que por aí anda ou, como outro dia se comentava, a indigência mental em que caímos, em que não há valores nem padrões de comportamento. O facto de eu receber mensagens com conteúdo pornográfico no meu computador não significa que vá mostrá-las aos meus filhos ou que as deixe a jeito para eles verem.
Um dos grandes problemas deste país é que dum lado temos os puritanos retrógrados da igreja católica, que ainda vivem na idade média e só aceitam o sexo para procriar, e do outro temos o deboche e a depravação total daqueles que acham que vale tudo e que anúncios porno se podem confundir com educação sexual. Ora este é daqueles casos em que no meio é que está a virtude.
Um dos raros exemplos de programas didácticos (e que até espanta sendo na TVI) é o ABSexo, em que uma médica fala de todas as questões relacionadas com sexo sem medos, sem tabus, com naturalidade e desmistificando muitos dos assuntos mais melindrosos. Ali fala-se de tudo mas não há pornografia. Há educação mas não depravação, porque se fala dos assuntos com sentido pedagógico. Outro exemplo é o programa da RTP N, “Estes difíceis amores”, com Júlio Machado Vaz. São excepções no panorama da mediocridade dos “Senhora Dona Lady” e “Esquadrão G”.
Kroniketas, sempre kontra as tretas
A coisa gerou um coro protestos dos pais junto da própria estação e também duma tal Confederação das Associações de Pais, que exigiu desculpas públicas de Pinto Balsemão.
A explicação da SIC foi simples: o filme estava previsto para a meia-noite, foi antecipado e, “por lapso”, os blocos publicitários inseridos nos intervalos não foram deslocados para a hora inicialmente prevista.
Há aqui qualquer coisa que não bate certo. Primeiro: não se programa um filme infantil para depois da meia-noite. Segundo: sendo um filme para crianças, não se põem anúncios eróticos no meio do filme, seja qual fora a hora da exibição. Este caso é mais um exemplo do vale-tudo a que a estação de Carnaxide se entregou nos últimos anos. Quanto à explicação do “lapso”, é apenas uma demonstração de que há uma cambada de imbecis a gerir aquela programação.
Engraçado é ler alguns comentários online, em que se acusa de hipocrisia quem se insurgiu contra estes anúncios, alegando que os telejornais passam imagens de violência todos os dias, ou que o que passou na TV não é diferente do que se vê nas praias portuguesas ou de ver os pais nus em casa, ou que se mais gente visse imagens destas haveria menos depravados.
Vamos lá ver se nos entendemos: a nudez é uma coisa natural que não faz mal nenhum as crianças encararem, seja em casa ou na praia, mas coisa bem diferente é a pornografia. Misturar sexo e erotismo com deboche é confundir tudo. Não é com anúncios a puxar para o porno ou promoção da homossexualidade que se educa as crianças. Estas posições mostram bem a confusão que por aí anda ou, como outro dia se comentava, a indigência mental em que caímos, em que não há valores nem padrões de comportamento. O facto de eu receber mensagens com conteúdo pornográfico no meu computador não significa que vá mostrá-las aos meus filhos ou que as deixe a jeito para eles verem.
Um dos grandes problemas deste país é que dum lado temos os puritanos retrógrados da igreja católica, que ainda vivem na idade média e só aceitam o sexo para procriar, e do outro temos o deboche e a depravação total daqueles que acham que vale tudo e que anúncios porno se podem confundir com educação sexual. Ora este é daqueles casos em que no meio é que está a virtude.
Um dos raros exemplos de programas didácticos (e que até espanta sendo na TVI) é o ABSexo, em que uma médica fala de todas as questões relacionadas com sexo sem medos, sem tabus, com naturalidade e desmistificando muitos dos assuntos mais melindrosos. Ali fala-se de tudo mas não há pornografia. Há educação mas não depravação, porque se fala dos assuntos com sentido pedagógico. Outro exemplo é o programa da RTP N, “Estes difíceis amores”, com Júlio Machado Vaz. São excepções no panorama da mediocridade dos “Senhora Dona Lady” e “Esquadrão G”.
Kroniketas, sempre kontra as tretas
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