A boa acção do dia
Um dia destes pratiquei a minha boa acção, a justificar o espírito natalício.
Estava a comer um hamburger no McDonald’s do Colombo quando duas jovens com ar de liceais (uma pretinha e uma lourinha) se dirigiram a mim e a pretinha perguntou-me: “pode-me arranjar um euro para ir ao Mac?”. Embrenhado como estava no ketchup e nas batatas fritas, limitei-me a abanar a cabeça numa reacção automática de negação. Ela limitou-se a dizer “obrigado” e vi-as afastarem-se para outra zona.
Mas 30 segundos depois caí em mim e percebi que não tinha tido espírito de Natal. Pior, que tinha ido fazer compras, já tinha ido à Fnac gastar dinheiro em bilhetes para espectáculos e ainda ia comprar prendas, que estava a comer furiosamente e não tinha um simples euro para ajudar a matar a fome a duas miúdas que provavelmente não têm quem lhes dê dinheiro para comerem à vontade. Ainda as vi passar novamente para um lado e para outro, com ar de quem anda à procura de alguma coisa, e tentei acabar rapidamente o meu hamburger e o meu gelado para ir procurá-las.
Dei a volta ao local e encontrei-as em frente ao balcão, a olhar para os menus, mas de longe. Reconheci a pretinha que me tinha interpelado e perguntei-lhe “Foi você que me pediu um euro?”. Ela respondeu “sim, estamos aqui a contar as moedas mas não temos dinheiro que chegue”. Ao que retorqui “então vocês querem comer e não têm dinheiro? Então peçam o que quiserem que eu pago-vos”. Parecia que lhes tinha saído a sorte grande, tal o ar de felicidade que fizeram. Ainda as vi cochichar qualquer coisa, como quem não acredita no que está a acontecer. A pretinha ainda me quis dar as moedas que tinha na mão, mas eu disse-lhe “guarde isso que faz-lhe mais falta do que a mim”.
Elas pediram o hamburger que quiseram, uma bebida e um gelado. Custou-me 10,35 €. Disse-lhes para comerem bem e desejei-lhes bom Natal. Afastei-me com a consciência mais tranquila do que se lhes tivesse negado um euro e deixado ficar com fome. A seguir fui para o Continente comprar champanhe e brinquedos e paguei 10 vezes mais. E pensei para comigo: “que bom que era que tivéssemos um pouco de espírito de Natal mais vezes e não apenas nesta quadra. E que imoral é andarmos num consumismo desenfreado enquanto há pessoas que não têm moedas que cheguem para comprar um hamburger”.
Afinal, se o Natal é quando um homem quiser, porque é que não ajudamos mais vezes aqueles que precisam? Não é bom ajudarmos alguém a ficar um pouco mais feliz, mesmo que seja só com um euro, em vez de nos fecharmos no nosso próprio egoísmo?
Kroniketas, sempre kontra as tretas
Estava a comer um hamburger no McDonald’s do Colombo quando duas jovens com ar de liceais (uma pretinha e uma lourinha) se dirigiram a mim e a pretinha perguntou-me: “pode-me arranjar um euro para ir ao Mac?”. Embrenhado como estava no ketchup e nas batatas fritas, limitei-me a abanar a cabeça numa reacção automática de negação. Ela limitou-se a dizer “obrigado” e vi-as afastarem-se para outra zona.
Mas 30 segundos depois caí em mim e percebi que não tinha tido espírito de Natal. Pior, que tinha ido fazer compras, já tinha ido à Fnac gastar dinheiro em bilhetes para espectáculos e ainda ia comprar prendas, que estava a comer furiosamente e não tinha um simples euro para ajudar a matar a fome a duas miúdas que provavelmente não têm quem lhes dê dinheiro para comerem à vontade. Ainda as vi passar novamente para um lado e para outro, com ar de quem anda à procura de alguma coisa, e tentei acabar rapidamente o meu hamburger e o meu gelado para ir procurá-las.
Dei a volta ao local e encontrei-as em frente ao balcão, a olhar para os menus, mas de longe. Reconheci a pretinha que me tinha interpelado e perguntei-lhe “Foi você que me pediu um euro?”. Ela respondeu “sim, estamos aqui a contar as moedas mas não temos dinheiro que chegue”. Ao que retorqui “então vocês querem comer e não têm dinheiro? Então peçam o que quiserem que eu pago-vos”. Parecia que lhes tinha saído a sorte grande, tal o ar de felicidade que fizeram. Ainda as vi cochichar qualquer coisa, como quem não acredita no que está a acontecer. A pretinha ainda me quis dar as moedas que tinha na mão, mas eu disse-lhe “guarde isso que faz-lhe mais falta do que a mim”.
Elas pediram o hamburger que quiseram, uma bebida e um gelado. Custou-me 10,35 €. Disse-lhes para comerem bem e desejei-lhes bom Natal. Afastei-me com a consciência mais tranquila do que se lhes tivesse negado um euro e deixado ficar com fome. A seguir fui para o Continente comprar champanhe e brinquedos e paguei 10 vezes mais. E pensei para comigo: “que bom que era que tivéssemos um pouco de espírito de Natal mais vezes e não apenas nesta quadra. E que imoral é andarmos num consumismo desenfreado enquanto há pessoas que não têm moedas que cheguem para comprar um hamburger”.
Afinal, se o Natal é quando um homem quiser, porque é que não ajudamos mais vezes aqueles que precisam? Não é bom ajudarmos alguém a ficar um pouco mais feliz, mesmo que seja só com um euro, em vez de nos fecharmos no nosso próprio egoísmo?
Kroniketas, sempre kontra as tretas
Comentários