Contra a mudança da hora legal

Volta e meia lá volta o fantasma da hora legal, que parecia já ter desaparecido desde os governos de Cavaco Silva. Agora que vamos entrar na hora de Verão, são as confederações patronais que querem pôr a nossa hora igual à da Espanha por, segundo alegam, esta diferença de uma hora causar dificuldades nos contactos e nos negócios.
O Observatório Astronómico de Lisboa já há alguns anos, quando se fixou (pensava-se que definitivamente) a hora actual, se pronunciou contra essa pretendida mudança pelo governo de Durão Barroso, e não há qualquer razão que a justifique, pois não se pode brincar com a vida de um país inteiro por razões meramente economicistas. Esse horário já esteve em vigor em governos do PSD e provou-se que causa grandes perturbações à vida normal das pessoas, pois cria um enorme desfasamento em relação à hora solar, que fica a ser que quase 3 horas no Verão, o que é um perfeito absurdo. As crianças têm que se levantar de noite e deitar-se quase de dia, o que é completamente antinatural.
Não se pode mudar a geografia do país, e nós estamos 8 graus a oeste do meridiano de Greenwich, portanto não faz qualquer sentido ter a mesma hora de países como a Alemanha e a Itália que estão quase 15 graus para leste. Desde 1911 a hora legal em Portugal foi quase sempre a do meridiano de Greenwich excepto entre 1967 e 1976, quando estava uma hora adiantada durante todo o ano e não havia mudança entre hora de Verão e hora de Inverno. Só entre 1993 e 1996 estivemos sempre adiantados em relação ao meridiano de Greenwich, adiantando mais uma hora no Verão, o que se provou ser completamente aberrante.
Aliás, o argumento cai por si próprio só de pensarmos no Reino Unido, que fica por cima de França e Espanha e mantém uma hora a menos, e eles não parecem estar nada preocupados com isso. Pior, então e os EUA, que têm 4 fusos horários entre as costas leste e oeste? E não é por isso que deixam de ser a primeira economia mundial. A própria Austrália tem 3 fusos horários. Coitadinhos que devem ser os empresários americanos e australianos.
Espero que o governo não vá atrás destas patranhas. O que está em causa não é só a vida dos senhores empresários, que vivem muitas vezes de subsídios e de mandar empregados para a rua. O Engº Belmiro nunca se queixou da hora legal, pois não?
Não sejam ridículos!

Kroniketas, sempre kontra as tretas

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