Krónikas a Banhos (7) – Tugalhada!

Infelizmente, o que eu temia acabou por acontecer. Safaram-se com Marrocos, tremidinhos, mas contra a Costa Rica, temida potência futebolística de além-mar, sucedeu a habitual tugalhada. E foi uma tugalhada à antiga portuguesa, com direito a treinador a debitar inanidades no fim do jogo, a dizer que estava contente e feliz – o que me deixa curioso sobre o que o deixaria infeliz: talvez deitar-lhe a casa abaixo com um bulldozer e fuzilar-lhe a família, mas não sei. Mesmo assim era capaz de lhe aparecer uma réstiazita de felicidade no olhar…
Mas dizia eu que foi uma tugalhada com todos os condimentos, como a seguir se descreve:
Treinador e restante equipa técnica – completamente incompetentes, até para reconhecerem que só fizeram merda. O Romão foi capaz de afirmar sem se rir que estava contente porque os rapazes se tinham empenhado (ainda existem casas de penhores?!) e que até tinham feito umas coisas, e coisa e tal. O discurso do “irresponsabilismo” e do está tudo benzito, na paz de deus, o que interessa é que estamos todos bem. Nunca o epíteto de “coach” foi tão bem aplicado, não no sentido de responsável técnico, mas no que a fonética o aproxima daquele termo bem português: coxo! Nunca se viu por ali uma equipa, apenas 11 tipos perdidos num rectângulo verde.
Jogadores – Deviam julgar que estavam ali por causa do solinho e da praiíta. Era vê-los refastelados a ver os adversários passar e depois a discutirem com os colegas, no estilo “porque é que não foste lá tu? Aquela era tua!” Ainda não descobri se a ausência de esquema táctico ou indicações para dentro de campo nos prejudicou ou beneficiou. É uma dúvida que vai persistir. E o Fréchaut, aquele magnífico jogador que se vê mesmo que alguém quis mostrar para ver se o despachava? Mas estamos a ser injustos, porque houve muitos mais a jogar (?) igualmente mal, ou mesmo pior. As excepções chamaram-se Cristiano Ronaldo (ainda que individualista), Danny (um dos poucos que não foi fazer turismo), Raul Meireles (esforçado) e Fernando Meira (que até marcou um golo, o pormenor de ser na baliza errada é muito relativo).
Lobbies parolos – que desde que fomos apurados começaram a fazer pressão para não lhes levarem jogadores, porque isso dos Jogos Olímpicos é para diletantes e nós queremos é coisas profissionais, como o campeonato nacional e o torneio da paróquia! Se houve um conjunto de jogadores que formou uma equipa e se conseguiu apurar, porque raio é que não se manteve? Ou só foram os que não faziam muita falta aos clubes, principalmente certos clubes do norte? Não, o Cristiano não conta porque não joga cá, assim até é giro prejudicar um bocado os bifes, e coiso e tal, ‘tão a perceber?
Moreira – eu sei que é jogador, mas pelo que o fizeram sofrer, merece estar à parte. Espero que sofrer 9 golos em 3 jogos não o tenha ferido psicologicamente, porque precisamos dele para o campeonato.
Sururu – e no fim até houve sururu que quase descambava em batalha campal, como quem diz “se não podemos vencê-los com a bola, vamos vencê-los ao pontapé!”. Disgusting… Estou convencido que o calor aqui ajudou, porque os nossos jogadores pensaram “ainda vou sair daqui com a camisola suada, não vale a pena correr atrás deles”, e a cena de pugilismo latente não se verificou.
Em conclusão: já não via uma vergonha assim há muito tempo. É que é preciso reunir muitas e esforçadas incompetências para o conseguir! Não julguem que é fácil! Que saudades do Carlos Queirós, que sabia o que andava ali a fazer e conseguia transmitir isso aos jogadores e fazê-los jogar... Mas pensando bem, estar lá o Carlos Queirós é que foi anti-natural, porque o que é natural é estar lá uma caterva de incompetentes, porque são amigos do presidente, que por sua vez é o incompetente maior. Esta sim é a norma na Tugalândia!
Há alguém aí com uma Kalachnikov ou mesmo uma G-3 para me vender? É que estou mesmo com vontade de ir ali à Praça da Alegria e fazer uma selecção.

tuguinho, cínico envergonhado (porque já se tinha desabituado destas situações no futebol tuga)

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