O circo que desceu à cidade



Penso que será virtualmente impossível não ter ouvido falar no Caso Maddie, mesmo que nunca veja televisão, não leia jornais, não ouça rádio, ou seja mesmo cego, surdo e mudo e viva numa caixa em que não entra a luz.
Independentemente do desenlace que venha a ocorrer sobre o crime e a sorte da criança, o alarido mediático extremo que se desenvolveu foi de quase histerismo por parte de todos os agentes desta área. Escrevo isto passados 4 meses da ocorrência, altura em que, por virtude dos novos dados que têm surgido com a rapidez de um caracol coxo, o caso reavivou e tomou outros rumos.
É que por muito doloroso e horrível que o caso seja, por muito bem relacionados que os pais estejam, nada justifica a globalização que se verificou e episódios completamente patéticos como foi a recepção que o papa concedeu aos pais. Se tivesse sido dada a mesma atenção aos acontecimentos na Serra Leoa, no Ruanda ou no Darfour, de certeza que nunca teriam sido os genocídios que foram (ou estão a ser, no caso do Darfour).
É esta mentalidade de telenovela que nos há-de levar a todos pelo esgoto abaixo, quando damos mais atenção a um crime (lamentável, é certo) que a chacinas grotescas, só porque não nos entram pela garganta abaixo nos telejornais de todos os dias e porque as personagens não são tão telegénicas nem tão (aparentemente) inocentes. E as vítimas não foram colegas de escola do Gordon Brown...
Em relação ao potencial desfecho deste horrível acontecimento, lembrava só o que se diz em relação ao culpado nos romances policiais: é quase sempre o mordomo, lembram-se?

tuguinho, cínico encartado

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