Massacre televisivo

Têm sido tempos difíceis, estes do campeonato do mundo de futebol, em termos de visionamento televisivo. Quando não posso ver os jogos tento ver os resumos e, de preferência, os golos na primeira oportunidade. E aí começa o drama.
Somos assim obrigados a engolir meias-horas de comentários até conseguirmos ver as imagens que nos faltam. Pelo meio, na Sporttv, televisão oficial da prova para Portugal, vão passando, em cima das imagens dos jogos, duas linhas de rodapé, uma com os habituais SMS de conteúdos absolutamente indigentes, e como se não bastasse por cima dessa passa outra linha em que se explica como mandar as aberrantes mensagens para lá. Dizem que Portugal vai ser campeão do mundo, que somos os maiores, que o Figo assim e o Deco assado, que Portugal e Brasil na final era lindo... A estupidez destas mensagens é de tal modo reveladora da ignorância dos seus autores, que quem o escreve nem se deu ao trabalho de tentar perceber que Portugal e Brasil não se poderão encontrar na final devido aos emparelhamentos nas eliminatórias: se se encontrarem será nas meias-finais. Como se não bastasse, os repórteres, fazendo gala do seu profissionalismo de pacotilha, fazem esse mesmo tipo de perguntas aos adeptos: logo no princípio do campeonato alguém perguntava a um inglês se gostava de encontrar Portugal na final. Lá está: Portugal e Inglaterra podem encontrar-se, se passarem ambos este domingo, mas é já no próximo jogo, nos quartos-de-final.
Na televisão oficial do Estado, por sua vez, somos brindados com um estúdio montado algures num local de emigrantes, com os comentadores estrategicamente colocados à frente dum conjunto de espectadores que, à boa maneira tuga, se afadigam durante aqueles escassos minutos em que a câmara foca quem está à frente deles para tentar aparecer na imagem de todos os ângulos possíveis e fazer adeus sabe-se lá para quem. Entretanto vão-se mirando num monitor algures no estúdio para se tentarem posicionar no melhor enquadramento e fazer aquele sorriso alarve dos basbaques tipo-emplastro. E o espectador tem que levar com isto enquanto desespera por três minutos que mostrem o resumo do malfadado jogo que não viu.
Tudo isto é entrecortado com aquelas reportagens com os emigrantes na rua ou nos cafés, que nos mostram o Portugal pequenino de outrora e grandes tiradas acerca do que Portugal vai fazer no Mundial. No meio da saloiice só falta aparecer o garrafão de tinto a martelo, a melancia e a sandes de coirato para o quadro ser completo.
Entretanto, nas reportagens de rádio é a mesma coisa. Para se saber duas ou três notícias levamos com 10 minutos de reportagens vazias de interesse e de conteúdo feitas na rua. E, a cereja no topo do bolo, ainda lhe acrescentam o massacre duns pseudo-hinos futebolísticos absolutamente anedóticos que, além de não dizerem nada, ainda cederam a essa caricatura sonora a que alguém quer chamar música que é o “rap”, que me deixam a pensar por que raio é que até a selecção tem que ser brindada com umas frases idiotas duns tipos que de música só devem ter ouvido falar em sonhos?
Muito sofre um adepto que só quer ver a bola...

Kroniketas, sempre kontra as tretas

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