O que os outros disseram (XVII)

“Eis aonde se chega na estrada do politicamente correcto: a intolerância religiosa não é de quem quer proibir os “cartoons”, mas de quem os publica!”
“A Arábia Saudita tem petróleo e pouco mais: é um país onde as mulheres estão excluídas dos direitos, onde a lei e o Estado se confundem com a religião, onde uma oligarquia corrupta e ostentatória divide entre si o grosso das receitas do petróleo, onde uma polícia de costumes varre as ruas em busca de sinais de «imoralidade» privada, onde os condenados são enforcados em praça pública, os ladrões decepados e as «adúlteras» apedrejadas em nome de um código moral escrito há quase seiscentos anos. E a Dinamarca tem de pedir desculpas à Arábia Saudita por ser como é e por acreditar nos valores em que acredita?”
(Miguel Sousa Tavares, “Expresso”, 4-2-2006)

“No fundo, que imagem dá hoje o Islão ao mundo? Uma imagem forjada no radicalismo, com ameaças permanentes de vingança e morte. De um conjunto de valores que parou no tempo e se recusa a avançar.”
“O que se esperava é que os mesmos movimentos que agora espalham a violência, a pretexto de uma profunda indignação religiosa, fossem os primeiros a sair para a rua diante das maiores atrocidades cometidas em nome de Alá. Contudo, não se ouviu aos líderes religiosos islâmicos uma única palavra sobre o 11 de Setembro, uma só crítica à barbárie no Iraque, nem mesmo quando um hospital é feito em estilhaços por mais um suicida e são crianças de Bagdad a maioria das vítimas. Sobre tudo isso, um enorme e pesado silêncio”.
“[O Islão] acantonou-se, barricou-se num extremismo redutor, desafiante e totalitário”.
(Pedro Pinto, jornalista da TVI, jornal “Metro”, 7-2-2006)

“Em matéria de direitos e liberdades, o mínimo denominador comum de civilização no Ocidente está muito acima do máximo denominador da civilização islâmica.”
“No limite, a questão é saber se estamos dispostos, entre nós, a retroceder décadas ou séculos para encontrar valores comuns e compartilháveis.”
“Nas democracias ocidentais os ofendidos encontram reparação nos próprios jornais ou nos tribunais. Não queimam bandeiras, não incendeiam representações diplomáticas, não matam – e não exigem a um Estado soberano que peça desculpa por opiniões publicadas em jornais.”
(Inês Serra Lopes, directora de “O Independente”, 10-2-2006)

“A mim custa-me a compreender que haja quem ponha no mesmo prato desenhos e bombas.”
“Se amanhã uma bomba explodisse no centro de Copenhaga, como era?”
“Pessoalmente, estou grato pelo não-senso dos Monty Python, de Picasso, pela insensatez de Bocage, de António José da Silva, de Luís Vaz de Camões, de Erasmo. Custa-me a aceitar que, depois de tanto trabalho, se volte a instalar uma cultura do medo.”
(Rui Zink, escritor, “O Independente”, 10-2-2006)

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