O Estio



Agora que se aproxima a passos largos o tempo das castanhas e da chuva, é altura de nos começar a roer aquela nostalgiazita do Verão.
Podem falar-me de praias longínquas, irreais, de águas azuis e transparentes, de palmeiras ao vento e assim. Podem descrever-me as mais belas encostas ou os mais serenos e sombreados sítios, mas nada se compara à luz de Lisboa!
Desterrado aqui a 20 quilómetros da velha senhora, a luz pode ser também branca e quente, mas o que faz da luz de Lisboa o que é não é só a luz, são os sítios onde ela pára.
Experimentem deambular pelas partes antigas da capital num domingo pachorrento de Agosto e vão perceber o que eu estou a dizer. Nenhuma imagem mental me traz maior sensação de conforto e paz do que pensar na luz de um dia de Verão pendurada nas paredes dos prédios antigos, a dançar nas vidraças de uma janela que se abre ao longe, entornada sobre as telhas vermelho-velho dos telhados da cidade.
Allain Tanner percebeu-o quando lhe chamou cidade branca e Edward Hoper, sem a conhecer, afirmou que a sua ambição como pintor era conseguir representar a luz vertida sobre uma parede. Acho que o conseguiu. Mas Lisboa fê-lo muito antes.
(A Esfinge fez-nos o favor de postar sobre o mesmo tema aqui)

tuguinho, cínico e alfacinha encartado

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