Saloiadas



Há coisas que não me passam pelas ligações neurais(1)! Nos últimos anos tenho assistido a uma profusão cada vez maior de autênticos cachuchos naquele dedo em que os comprometidos oficiais colocam o sinal, vulgo aliança de casamento. Se no caso das senhoras ainda poderemos olhar com alguma bondade para este tipo de opção, no caso dos homens a coisa já se torna mais inenarrável.
Explicando melhor, estou a falar daquelas alianças que não se limitam a ser o tal sinal de compromisso, discretas e elegantes nos seus poucos milímetros (2 ou 3) de largura, e se parecem mais com jantes de 17 polegadas enfiadas num eixo de carne! O que é que deu às pessoas? O compromisso é tanto maior quanto maior é a largura das ditas cujas, ou é apenas ostentação parva, do tipo olha-sou-tão-abastado-que-até-compro-coisas-inúteis-como-esta-com-esta-largura-espantosa? Será um fenómeno da mesma estirpe que leva certos proprietários de automóveis a pedirem para não ser colocada a designação do modelo na traseira para não se ver facilmente que o carro é dos mais caros (ou vice-versa)?
Interrogo-me veramente sobre o que perpassa nestas mentes para transformarem um acto de bom gosto e, quiçá, de fidelidade, num puro manifesto de ostentação. Mas devo ser limitado, não consigo lá chegar. No entanto, há uma palavrita que me passa pelo pensamento nestas ocasiões de obstinada demanda, uma e outra vez: saloiada.
Sei lá, deve ser uma fixação!

tuguinho, cínico encartado

(1) “Neural” e não “neuronal”, criançada! Vá, toca a aprender como se formam as palavras e não dizer assim apenas porque os outros o dizem! Lembrem-se do “espoletar/despoletar” e do “pudico/púdico” – é que às vezes a maioria está errada…

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