A praga da "personalidade"



Tenho-me deparado com uma situação curiosa que é bastante típica do mundo actual e que vai bem a par da iliteracia funcional que por aí grassa. Digamos que é uma espécie de iliteracia emocional.
Cada vez apanho mais gente que pensa que “ter personalidade” é ser brusco ou mesmo agressivo nas reacções, ser completamente assertivo nas afirmações (do tipo “raramente me engano e nunca tenho dúvidas”) e ter um ego descomunalmente inchado! Aliás, isto vai bem com o tipo de interesses na moda: desportos “radicais”, viajar, fazer compras, etc., etc., ou seja, injecções de adrenalina ou dopamina, mas nada que desenvolva as meningezitas das criaturas. Assim não me admira que confundam personalidade com arrogância.
Meus caros, ter um temperamento doce ou não querer chegar a director-geral daqui a 3 meses não são sinais de “falta de personalidade”! E gostar da mesma coisa que todos os outros, querer fazer e comportar-se como todos os outros é mais próprio dos carneiros/ovelhas do que dos seres humanos… Acreditem, vocês não são o centro do mundo! Ninguém é. O problema é que, meus caros amiguinhos cheios de “personalidade”, a vocês vai custar muito mais quando o descobrirem.

tuguinho, cínico docinho

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