Rock in Rio Lisboa 2010 - O regresso do Trovante



Fotos: os primeiros tempos do Trovante com uma formação que durou pouco, entre os álbuns “Baile no bosque” (1981) e “Cais das colinas” (1983): José Martins, Artur Costa, Fernando Júdice, Luís Represas, Manuel Faria, João Gil e João Nuno Represas. Falta o baterista José Salgueiro (2ª foto), que entrou depois da saída de João Nuno Represas.
3ª foto: capa do álbum "Terra firme" (1987), com a formação mais estável e que mais tempo se manteve: Manuel Faria, José Martins, João Gil, Fernando Júdice, Artur Costa, José Salgueiro e Luís Represas. José Martins esteve quase até ao fim mas já não participou no último álbum, "Um destes dias" (1990).


Podem chamar-me saudosista. O Trovante (como eles gostam de ser chamados, e não “os” Trovante) foi um dos grupos mais importantes da música portuguesa nas duas últimas décadas do século 20, com grande influência na chamada música popular (não confundir com música pimba, que não é popular mas popularucha). Ao mesmo nível de importância só coloco o Rui Veloso.
Fundados em 1976 por um grupo de amigos em Sagres (Artur Costa, João Gil, Manuel Faria e os irmãos João Nuno e Luís Represas), terminaram a carreira como grupo em 1991, só voltando a reunir-se em 1999 no Pavilhão Atlântico a convite do Presidente Jorge Sampaio. Nós estivemos lá e foi um momento único, com o pavilhão a abarrotar e o público a sair no fim do concerto entoando em coro o “Perdidamente”!
Agora, nos 25 anos do Rock in Rio, nova reunião para gáudio dos fãs, onde desta vez não estive com muita pena. Limitei-me a ver pela televisão alguns momentos musicais sublimes dos oito grandes músicos que, em diversos momentos de entradas e saídas, foram fazendo a história da banda:

1. Luís Represas – voz e bandolim
2. João Gil – guitarras e voz
3. Manuel Faria – piano e sintetizador
4. Artur Costa – flauta e saxofone
(o núcleo duro, que esteve no grupo do princípio ao fim)
5. João Nuno Represas – percussão
(os cinco fundadores)
6. Fernando Júdice – baixo
7. José Martins – bateria, percussão e sintetizadores
8. José Salgueiro – bateria e percussão

Para quem não conheceu, ou não se lembra, aqui fica o registo dos álbuns de originais editados:

1. Chão nosso – 1977 (músicos: 1, 2, 3, 4, 5)
2. Em nome da vida – 1978 (músicos: 1, 2, 3, 4, 5)
3. Baile no bosque – 1981 (músicos: 1, 2, 3, 4, 5)
4. Cais das colinas – 1983 (músicos: 1, 2, 3, 4, 6, 7)
5. 84 – 1984 (músicos: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8)
6. Sepes – 1986 (músicos: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8)
7. Terra firme – 1987 (músicos: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8)
8. Um destes dias – 1990 (músicos: 1, 2, 3, 4, 6, 8)

No final da carreira, em 1991, foi editada a colectânea “Saudades do futuro - O melhor dos Trovante que reúne ” em duplo CD os grandes e mais emblemáticos temas da banda.
Após o final do grupo os seus elementos seguiram diversos caminhos, destacando-se a carreira a solo do cantor Luís Represas, que no entanto nunca mais conseguiu ter canções tão belas como no Trovante, porque o compositor da maioria dos temas era… João Gil, enquanto Represas era mais escritor de letras que de músicas.
João Gil, por sua vez, enveredou por diversos projectos em grupo como Moby Dick, Filarmónica Gil, Rio Grande (com Rui Veloso, Jorge Palma, Vitorino e Tim dos Xutos e pontapés), Cabeças no ar (os mesmos menos Vitorino) e aquele onde fez mais sucesso e onde finalmente sobressaiu o papel como compositor que no Trovante sempre passou despercebido: Ala dos Namorados, com o piansita Manuel Paulo e o cantor Nuno Guerreiro. Foram os tempos gloriosos da relação de Gil com Caratina Furtado, que fez a letra da famosa canção “Solta-se o beijo”, magistralmente interpretada por Sara Taveres em dueto com Nuno Guerreiro.
Fernando Júdice transitou para os Madredeus, de Teresa Salgueiro e Pedro Ayres Magalhães, com passagem também pelo grupo de guitarras Resistência, com Olavo Bilac, Miguel Ângelo, Tim e Pedro Ayres Magalhães.
Os restantes músicos dividiram-se por projectos diversos em colaboração e produção, como Manuel Faria, enquanto José Salgueiro fez uma incursão pelo jazz.

Na noite do Rock in Rio, tal como em 1999, voltaram a juntar-se os 8 músicos que nunca estiveram juntos no Trovante ao mesmo tempo, mais um grupo de metais com 4 elementos, para tocarem estes temas:

Xácara das bruxas dançando (álbum: 84)
Namoro II (álbum: Sepes)
Travessa do poço dos negros (álbum: 84)
Comboio (álbum: Cais da colinas)
Noite de verão (álbum: Terra firme)
Memórias de um beijo (álbum: Terra firme)
Um caso mais (álbum: Terra firme)
Perdidamente (álbum: Terra firme)
Balada das sete saias (álbum: Baile no bosque)
Fizeram os dias assim (álbum: Sepes)
Saudade (álbum: Cais das colinas)
125 azul (álbum: Terra firme)
Timor (álbum: Um destes dias)

Infelizmente desta vez não estive lá, mas se houver outra reunião daqui a 10 anos não vou faltar.

Kroniketas

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