As eleições da vergonha


O processo eleitoral do Benfica deve encher de vergonha qualquer benfiquista e, sobretudo, devia encher de vergonha aqueles que causaram todo o imbróglio jurídico em que o Benfica está mergulhado. A um dia da data marcada, ainda não se sabe se amanhã haverá eleições com uma lista, com duas listas ou se não haverá eleições de todo.
E de quem é a culpa? Ao contrário do que dizem os seguidistas e todos aqueles que estão sempre do lado da situação, a culpa não é de Carlos Quaresma, o candidato rejeitado, e muito menos de Bruno Carvalho, o candidato da lista B; é precisamente da situação, daqueles que através duma golpada rasteira anteciparam a data das eleições inopinadamente apenas com o objectivo de, como titulava “ A Bola” a 9 de Junho, driblar a oposição e retirar margem de manobra aos outros possíveis candidatos. A pretexto da suposta instabilidade criada pela oposição, criaram uma instabilidade ainda maior.
Mantendo o habitual discurso truculento e atacando tudo e todos, comportando-se sempre como se fosse o salvador na terra, o dono da verdade e o único benfiquista com boas intenções, Luís Filipe Vieira garante que não há nenhum advogado nem nenhuma solicitadora que impeça as eleições do Benfica e que nenhum garoto vai ser presidente do Benfica. O actual presidente fala como se fosse o dono do clube, como se estivesse acima da lei e como se os sócios não tivessem o direito de pensar pela sua cabeça. E continua sempre a comportar-se como se fosse mais esperto que toda a gente.
Mas, como sempre acontece com aqueles que se julgam mais espertos que toda a gente, há sempre um dia em que encontram alguém mais esperto que eles. E neste caso a esperteza foi questionar a legitimidade da candidatura do próprio Luís Filipe Vieira, e certamente com isso é que os mentores desta estratégia não contavam. Saiu-lhes o tiro pela culatra. O tom irritado e inflamado do discurso de ontem em Évora parece indiciar um homem nervoso e à beira de perder a cabeça. Talvez esteja a sentir o chão fugir-lhe debaixo dos pés e a ver a sua estratégia virar-se contra si.
Agora está criada uma situação que só pode acabar mal, por culpa de quem atropelou os estatutos do Benfica apenas por conveniência própria. Se amanhã houver eleições só com a lista de Bruno Carvalho, serão umas eleições falseadas. Se houver com a lista de Bruno Carvalho e a de Luís Filipe Vieira serão, provavelmente, umas eleições feridas de ilegalidade e objectivamente alvo fácil de impugnação. Se Manuel Vilarinho voltar a ter um momento de lucidez (*), a única decisão sensata a tomar neste momento é desmarcar as eleições. Para que a vergonha não continue a manchar o nome do maior clube português depois das eleições.

(*) As declarações de Manuel Vilarinho na TVI24 no dia em que anunciou a marcação destas eleições são, também elas, uma vergonha. Ao dizer que “está farto do benfiquista” e que ganhar nas modalidades “é bom mas não lhe diz nada” insultou todos os benfiquistas que fazem sacrifícios para acompanhar o clube e que pagam quotas para ajudar a manter as modalidades e ajudá-las a ganhar. Também eu estou farto de gente que não compreende o clube e trata os benfiquistas como atrasados mentais. Eu que votei em Manuel Vilrainho em 2000 e estive sempre do lado da sua direcção na era pós-Vale e Azevedo, perdi todo o respeito que lhe tinha. Se está farto do benfiquista, vá para outro clube.

Kroniketas, sempre kontra as tretas

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