Cães e homens



Tem andado por aí a circular na net e já teve mesmo honras de jornal, uma notícia que diz que um malvado artista guatemalteco deixou morrer um cão vadio à fome numa sua exposição de arte. Tomando como verdade que foi isso mesmo que aconteceu (e se lerem a notícia do Expresso de hoje perceberão que isso não é líquido...), é realmente uma crueldade para com o pobre do bicho. Mas o problema não é esse - é a relativização que se faz das situações.
Então não é que vejo mais pessoas indignadas com a morte do cão do que com a morte de mais de 200.000 pessoas no Darfour? Pode realmente ter-me passado ao lado, mas não me recordo de ver petições tão exaltadas na Internet a pedirem a paz para aquele pedaço de terra. Ou assim uma petiçãozita a pedir para engavetarem os donos de rotweilers e afins que andam por aí a trincar pessoas.
Parece-me a mim que esta situação é da mesma estirpe das não-notícias, já aqui referidas pela pena do Kroniketas - está a transformar-se uma crueldade pessoal e remota num acontecimento artificialmente empolado e completamente desajustado da (possível) realidade que lhe deu origem...
Enterrem o canito, dêem um correctivo na besta e ide preocupar-vos com coisas realmente importantes.
Ah! E parem com a merda dos emails na net, que já há trampa demais a circular.

tuguinho, cínico encartado

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