25 de Abril sempre?

“Never take anything for granted”, diz-se no mundo anglo-saxónico. E é a mais pura das verdades. Nunca devemos tomar nada como garantido. Nem a liberdade.

Quarenta e sete anos depois do 25 de Abril de 1974, quem diria que andaríamos às voltas com uma extrema-direita crescente (mais circunstancial que ideológica, é certo) e que os opinativos de serviço nas redes sociais (ou seja, quase toda a gente) zurzissem “a torto e a direito” na democracia, através dos seus defeitos?...

Esses defeitos não existem? Claro que existem! A democracia não é um sistema perfeito, mas é um sistema que se deixa aperfeiçoar. Se os políticos têm culpa na contestação ao sistema? Claro que têm, uma boa parte dela, aliás! Mas, ó grunho militante, aperfeiçoar o sistema de justiça não significa voltar ao “olho por olho, dente por dente”, eliminar a corrupção não significa abater os políticos para colocar novos pássaros nos mesmos poleiros, com bolsos diferentes, e resolver no geral todos os outros problemas não é colocar um Salazar em cada esquina (vade retro, que imagem atroz!!)

Sabem, resolver injustiças e aperfeiçoar instituições dá algum trabalho, e é um trabalho de todos. Por isso, se há coisas que estão como estão, é porque quase todos preferimos soltar a nossa indignação numa qualquer rede social, contar os likes que obtivemos e esperar pela próxima vaga de indignação. Por vezes é preciso mesmo fazer alguma coisa. E não, não temos de ter opinião para tudo. Há muita coisa que não sabemos e, não conhecendo, a nossa opinião nesse assunto específico vale tanto como o rato morto que o gato traz para o dono...

Por isso, “Never take anything for granted”, para que no ano que vem e nos vindouros possamos, de forma livre, continuar a dizer mal de tudo o que melhorámos desde 1974. Faz parte.

tuguinho e Kroniketas, os diletantes preguiçosos

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