O ataque dos porcos - parte 4: os relatos do terror
F.C. Porto-Benfica: o filme de longas horas de tensão
Clássico foi marcado por apedrejamentos, cargas policiais e detenções
O jogo entre o F.C. Porto e o Benfica viveu de uma tensão enorme dentro e fora do relvado. Uma tensão alimentada numa rivalidade que conduziu, por exemplo, ao apedrejamento dos autocarros oficiais. O autocarro do Benfica foi apedrejado à chegada ao Dragão, o F.C. Porto diz que lhe aconteceu o mesmo em Granja.
Os apedrejamentos começaram, de resto, por ser negados pelas Relações Públicas da Polícia de Segurança Pública, mas acabaram depois por ser reconhecidos. O que levou João Gabriel, director de comunicação do Benfica, a criticar o Subcomissário Marco Almeida e a exigir responsabilização «pela infeliz declaração».
O autocarro do Benfica foi apedrejado já no acesso ao Dragão, acabando os ferimentos por atingir Aimar na cara e Kardec na mão. Não foi essa a razão, porém, que levou Jesus a deixar o argentino no banco, como admitiu. O F.C. Porto diz que um adepto do Benfica estilhaçou um vidro do autocarro oficial na zona da Granja.
Antes da chegada dos autocarros, já tinha havido incidentes na chegada dos adeptos do Benfica. As claques viajaram para o Porto de comboio e foram escoltadas pela polícia no trajecto a pé da Estação de Campanha para o Dragão. Os adeptos do F.C. Porto pensaram esperar por eles já muito perto do estádio.
Ora a presença de cerca de duas mil pessoas nas imediações do caminho levou as forças de segurança a disparar tiros de aviso e a distribuir bastonadas para limpar a zona. Houve pedras pelo ar e cabeças partidas. Um adepto foi detido, depois de tentar esconder-se no acesso às garagens, e ainda reagiu com agressões a um polícia.
Muitos petardos, bolas de golfe e até telemóveis no relvado
Durante o jogo manteve-se o clima de guerrilha: rebentaram petardos, foram lançados foguetes para o relvado (alguns rebentaram muito perto de Quim), atirou-se com tudo para o terreno de jogo, isqueiros, bolas de golfe, até telemóveis. Luisão reagiu e lançou um isqueiro contra os adeptos portistas: arrisca-se a um castigo por isso.
Também a claque do Benfica, aliás, lançou foguetes e petardos. Um deles foi dirigido para a bancada de adeptos portistas logo ao lado, o que provocou a raiva de quem lá estava. Algumas dezenas de pessoas, que não estavam ali para morrer, abandonaram o estádio logo que o petardo rebentou naquela zona.
Antes disso já tinha havido uma carga policial sobre os adeptos encarnados, o que levou um deles a ser retirado da zona pelos bombeiros. O clássico teve ainda agressões a um carro da comunicação social e a um jornalista na bancada de imprensa, prontamente sanada com a retira do responsável da bancada.
Refira-se, por fim, que o autocarro do Benfica abandonou o Estádio do Dragão cerca de hora e meia após o final da partida. No exterior do recinto havia nessa altura bem menos adeptos. Escoltadas pelas forças de segurança, a comitiva encarnada seguiu para o aeroporto, de onde apanhou um avião para Lisboa.
(Mais futebol)
Jorge Jesus desentende-se com funcionário do F.C. Porto
Treinador do Benfica chegou à sala de imprensa acompanhado pela polícia
A saída de Jorge Jesus da sala de imprensa do Dragão foi atribulada. Tudo começou com palavras de desafio à passagem do técnico: «toma», «embrulha» e «vão lá para Lisboa», ouviu-se da parte de um funcionário do F.C. Porto. Jorge Jesus já tinha passado a porta de saída, quando deu dois passos atrás.
Foi então que agarrou o funcionário pelo braço com agressividade: «Por que é você está aqui a provocar as pessoas?», questionou. O desentendimento durou apenas alguns segundos, o tempo necessário para o director de comunicação João Gabriel puxar o treinador para longe daquela zona.
Refira-se, de resto, que Jorge Jesus fez o trajecto até à sala de imprensa, e o caminho inverso, escoltado por dois agentes da Polícia de Segurança Pública, que acompanharam o técnico o tempo todo e ficaram à sua espera no exterior da sala de imprensa. Um sinal também da tensão que se viveu no Estádio do Dragão.
(Mais futebol)
Um clássico insuportável
Um jogo que custou a ver
O jogo foi tão insuportável como era de prever.
Ele já nasceu insuportável, de resto, tão rasteiro foi o ambiente criado em redor da partida. Um ambiente que resulta da doentia rivalidade que benfiquistas e portistas têm construído nas últimas décadas.
Uma rivalidade que se tem feito muito mais de declarações de dirigentes, de processos judiciais e desportivos, de livros e de amizades/inimizades do que propriamente de jogos de futebol inesquecíveis.
Foi doloroso ver o autocarro de uma equipa ser atingido durante dois dias, como se se deslocasse para território inimigo. Foi doloroso ver centenas de polícias suar para manter à distância milhares de adeptos dos dois clubes. Foi, enfim, doloroso assistir a um jogo sempre envolto numa tensão inexplicável.
O futebol não é nada disto. Ainda bem que acabou o clássico. Não deixará saudades.
(Luís Sobral, Maisfutebol)
Clássico foi marcado por apedrejamentos, cargas policiais e detenções
O jogo entre o F.C. Porto e o Benfica viveu de uma tensão enorme dentro e fora do relvado. Uma tensão alimentada numa rivalidade que conduziu, por exemplo, ao apedrejamento dos autocarros oficiais. O autocarro do Benfica foi apedrejado à chegada ao Dragão, o F.C. Porto diz que lhe aconteceu o mesmo em Granja.
Os apedrejamentos começaram, de resto, por ser negados pelas Relações Públicas da Polícia de Segurança Pública, mas acabaram depois por ser reconhecidos. O que levou João Gabriel, director de comunicação do Benfica, a criticar o Subcomissário Marco Almeida e a exigir responsabilização «pela infeliz declaração».
O autocarro do Benfica foi apedrejado já no acesso ao Dragão, acabando os ferimentos por atingir Aimar na cara e Kardec na mão. Não foi essa a razão, porém, que levou Jesus a deixar o argentino no banco, como admitiu. O F.C. Porto diz que um adepto do Benfica estilhaçou um vidro do autocarro oficial na zona da Granja.
Antes da chegada dos autocarros, já tinha havido incidentes na chegada dos adeptos do Benfica. As claques viajaram para o Porto de comboio e foram escoltadas pela polícia no trajecto a pé da Estação de Campanha para o Dragão. Os adeptos do F.C. Porto pensaram esperar por eles já muito perto do estádio.
Ora a presença de cerca de duas mil pessoas nas imediações do caminho levou as forças de segurança a disparar tiros de aviso e a distribuir bastonadas para limpar a zona. Houve pedras pelo ar e cabeças partidas. Um adepto foi detido, depois de tentar esconder-se no acesso às garagens, e ainda reagiu com agressões a um polícia.
Muitos petardos, bolas de golfe e até telemóveis no relvado
Durante o jogo manteve-se o clima de guerrilha: rebentaram petardos, foram lançados foguetes para o relvado (alguns rebentaram muito perto de Quim), atirou-se com tudo para o terreno de jogo, isqueiros, bolas de golfe, até telemóveis. Luisão reagiu e lançou um isqueiro contra os adeptos portistas: arrisca-se a um castigo por isso.
Também a claque do Benfica, aliás, lançou foguetes e petardos. Um deles foi dirigido para a bancada de adeptos portistas logo ao lado, o que provocou a raiva de quem lá estava. Algumas dezenas de pessoas, que não estavam ali para morrer, abandonaram o estádio logo que o petardo rebentou naquela zona.
Antes disso já tinha havido uma carga policial sobre os adeptos encarnados, o que levou um deles a ser retirado da zona pelos bombeiros. O clássico teve ainda agressões a um carro da comunicação social e a um jornalista na bancada de imprensa, prontamente sanada com a retira do responsável da bancada.
Refira-se, por fim, que o autocarro do Benfica abandonou o Estádio do Dragão cerca de hora e meia após o final da partida. No exterior do recinto havia nessa altura bem menos adeptos. Escoltadas pelas forças de segurança, a comitiva encarnada seguiu para o aeroporto, de onde apanhou um avião para Lisboa.
(Mais futebol)
Jorge Jesus desentende-se com funcionário do F.C. Porto
Treinador do Benfica chegou à sala de imprensa acompanhado pela polícia
A saída de Jorge Jesus da sala de imprensa do Dragão foi atribulada. Tudo começou com palavras de desafio à passagem do técnico: «toma», «embrulha» e «vão lá para Lisboa», ouviu-se da parte de um funcionário do F.C. Porto. Jorge Jesus já tinha passado a porta de saída, quando deu dois passos atrás.
Foi então que agarrou o funcionário pelo braço com agressividade: «Por que é você está aqui a provocar as pessoas?», questionou. O desentendimento durou apenas alguns segundos, o tempo necessário para o director de comunicação João Gabriel puxar o treinador para longe daquela zona.
Refira-se, de resto, que Jorge Jesus fez o trajecto até à sala de imprensa, e o caminho inverso, escoltado por dois agentes da Polícia de Segurança Pública, que acompanharam o técnico o tempo todo e ficaram à sua espera no exterior da sala de imprensa. Um sinal também da tensão que se viveu no Estádio do Dragão.
(Mais futebol)
Um clássico insuportável
Um jogo que custou a ver
O jogo foi tão insuportável como era de prever.
Ele já nasceu insuportável, de resto, tão rasteiro foi o ambiente criado em redor da partida. Um ambiente que resulta da doentia rivalidade que benfiquistas e portistas têm construído nas últimas décadas.
Uma rivalidade que se tem feito muito mais de declarações de dirigentes, de processos judiciais e desportivos, de livros e de amizades/inimizades do que propriamente de jogos de futebol inesquecíveis.
Foi doloroso ver o autocarro de uma equipa ser atingido durante dois dias, como se se deslocasse para território inimigo. Foi doloroso ver centenas de polícias suar para manter à distância milhares de adeptos dos dois clubes. Foi, enfim, doloroso assistir a um jogo sempre envolto numa tensão inexplicável.
O futebol não é nada disto. Ainda bem que acabou o clássico. Não deixará saudades.
(Luís Sobral, Maisfutebol)
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